O Beijo da Mulher Aranha

Autor: Manuel Puig
Direção: Aduni Benton


     Em O beijo da mulher aranha, Puig mescla homossexualidade, filmes antigos, pensamentos dos personagens e uma história de amor. À exceção dos filmes e das teorias, o espetáculo não apresenta narrador e ocorre apenas por meio de diálogos e relatórios policiais. Parece que a ausência de narrador não é um simples capricho do autor, é sim uma forma de deixar a história que poderia ser apelativa ou agressiva aos expectadores mais conservadores mais sutil e doce. 

    São contadas duas cenas de sexo que se tivessem sido narradas da forma tradicional poderiam chocar muita gente, mas da forma que Puig as mostrou elas são singelas e rápidas, entram meio que sem querer no enredo e saem como se nem tivessem entrado. Outro ponto interessante da estruturação são os personagens, principalmente Molina que chega a ser tão afeminado que para um expectador menos atento se passa facilmente por mulher, sendo assim, o torna ainda menos chocante e mais apaixonante a história de amor dos prisioneiros pois não chega a ser uma relação entre dois homens adultos e sim entre um homem forte e uma pseudo mulher submissa.

     O contraste que acontece entre a história de amor central e as história de amor dos filmes que Molina conta também propicia que a montagem da peça se torne mais doce, pois a história deles é tão mais real, mais próxima das históras de amor das pessoas comuns (se comparadas com as dos filmes) que terminamos por ficar menos sujeitos as nos chocar e mais apaixonados, e quando nos damos conta de quem são nos tornamos também menos preconceituosos em relação ao amor homossexual.

Fernando Gyustty e Marcus Vinícius

Fernando Gyustty

Fernando Gyustty e Marcus Vinícius

Fernando Gyustty 

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